A violência no Brasil alcançou limites tais que somos levados a acreditar termos voltado aos tempos da barbárie. Nesta semana assistimos estupefactos a notícia do linchamento de uma dona de casa, injustamente acusada de sequestrar crianças para usá-las em rituais de magia negra. Fabiane Maria de Jesus foi julgada e condenada em tempo recorde (de fazer inveja a muito tribunal brasileiro) e imediatamente executada pela turba, sem a mínima chance de defesa. Provada a inocência da ré, ainda que tardiamente, inicia-se agora a busca pelos culpados.
Tudo começou quando foi divulgado no "Guarujá Alerta", um perfil noticioso do Facebook, uma foto de uma sequestradora de crianças para a prática de magia negra¹. Criou-se um clima de terror na região. Alguém viu em Fabiane a mulher da foto. Mas, ao invés de ligarem para a polícia, para que a mesma no uso das atribuições que lhe confere o Estado brasileiro, levasse a suspeita para averiguação, optaram por fazer justiça com as próprias mãos.
Não precisa nem ser especialista em Direito para compreender que, levados a julgamento, os "justiceiros"
do caso Fabiane, se condenados, serão recolhidos à prisão para cumprir a pena. Tudo isso com os direitos que lhes assistem, assegurados pela nossa Constituição. E, como em nosso em nosso Código Penal, não há prescrição de pena de morte, os "justiceiros" do caso Fabiane poderão respirar aliviados: eles não serão linchados em praça pública.
¹. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1449679 - acesso em 07/05/2014).
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