abril 25, 2011

O fim de uma tradição

Embora tenha sido batizada na igreja católica, tenho formação religiosa protestante. Isto se dá devido a conversão de minha mãe à igreja batista alguns anos após o meu nascimento. Atualmente, não faço parte de nenhum segmento religioso, mas continuo a acreditar em Jesus Cristo. Este meu “desvio” me dá o distanciamento necessário para observar a todas as religiões sem ter que, necessariamente, envolver-me com alguma delas.
Não concordo com alguns ensinamentos católicos. Também não concordo com alguns ensinamentos protestantes. Independente do nome da igreja, ou do credo professado pela mesma, observa-se interesses humanos sendo transmitidos descaradamente como sendo a “vontade de Deus”. Baseados em textos, totalmente fora do contexto no qual foram escritos, os ditos representantes de Deus na terra manipulam o livre arbítrio em prol de objetivos previamente definidos. Mas este é um remédio que apresenta efeitos colaterais devastadores.
Ultimamente tem se falado muito em final dos tempos. A violência adquiriu proporções tamanhas que a vida de um ser humano já não vale mais nada. Mata-se por pouco. Morre-se por nada. Perderam-se valores. A falta de respeito e a intolerância assumem cada vez mais espaço nos relacionamentos. Perdoar “uma vez” já é not done, setenta vezes sete tornou-se utopia. O que está acontecendo com as pessoas?
Assisti, embasbacada, ao final de uma tradição católica – a guarda da sexta-feira santa. Lembro-me, quando era criança, morávamos numa cidade no interior do Maranhão – Santa Helena. Naquele tempo, a semana santa começava na segunda. Já não se comprava, nem se vendia nada. Pegar em dinheiro naqueles dias era pecado dos grandes. As pessoas jejuavam, iam à igreja e não ingeriam bebidas alcoólicas. Nos tempos atuais, lotam-se as praias, enchem-se os bares, bebe-se, mata-se, faz-se o que der na telha.
As condutas dos ditos “líderes” religiosos nem sempre são condizentes com seus atos. Por conta disto, a política do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” já não surte mais efeito. O comércio da fé, os escândalos sexuais, a sonegação fiscal, são alguns dos exemplos que têm contribuído para o esvaziamento das igrejas e a perda da fé nos valores que outrora balizavam a sociedade. Num mundo cada vez mais materialista, a espiritualidade está perdendo o significado.
Ou, talvez, seja eu que esteja ficando velha e já não saiba andar com as coisas deste tempo.

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